A (não) esperança de estudar numa faculdade
Durante a minha adolescência, fazer uma faculdade nunca foi um plano pra mim. Até os meus 18 anos, eu nunca tinha pensado que eu poderia fazer uma graduação tão cedo.
Mas antes, é preciso contextualizar. Nasci em 1991, filho mais novo numa família pobre (não muito pobre, mas ainda assim pobre), e em grande parte desses 18 anos quem sustentou a casa foi a minha mãe. Tive que lidar com separação dos pais, mudanças e alguns problemas e consequências disso logo cedo, pouco depois dos 11 anos.
Sempre tive como um exemplo minha irmã, que começou a trabalhar cedo também, era estudiosa e super esforçada, além de ajudar bastante em casa também. Mas mesmo assim, não tínhamos condições de pagar uma faculdade pra ela (que na época era cara e menos acessível que hoje), e era essa a referência que eu tinha dentro de casa.
Aos 15 comecei a trabalhar, e sempre fui bastante estudioso também. Sempre tive bom relacionamento com meus professores do Ensino Médio e isso me ajudou bastante, seja pra me dar dicas de estudos ou para entender quando eu não conseguia chegar no horário das aulas por causa do trabalho. E foram justamente eles que ficaram me cobrando de correr atrás de um vestibular.
Quando eu estava no 3º ano, eu comecei a fazer um curso técnico em informática, e foi aí que aprendi a programar. Então, após insistência dos professores, fui pesquisar cursos nessa área, e acabei me inscrevendo em apenas dois vestibulares: na FEI e na FUVEST, pois foi onde encontrei cursos que me interessaram. E depois disso, parti pra estudar.
A prova da FEI foi a primeira a ocorrer, e o processo deles é bem rápido. Dois dias depois, eu tinha passado! Lembro muito bem que eu estava na aula de português e recebi um SMS (!) de uma amiga falando que nós dois tínhamos passado! Fiquei super feliz, contei pros amigos e fiquei doido pra chegar em casa e contar pra minha mãe. Mas a reação da minha mãe foi outra; ela não ficou animada como eu. Justamente porque ela sabia que a gente não ia conseguir pagar a mensalidade na FEI.
O importante é que quando me inscrevi no vestibular da FEI, também me inscrevi para as bolsas sociais da faculdade. Muitas faculdades possuem bolsas do tipo. Alguns dias depois fiz uma entrevista com os assistentes sociais da FEI e consegui: 100% de bolsa! Nesse dia sim, minha mãe ficou feliz! No dia seguinte eu já estava matriculado. Depois disso, só foi sucesso: graduação, pós-graduação, vários empregos pelo caminho e, hoje, 6 anos de experiência em desenvolvimento.
A dica que deixo, depois dessa história toda, é pra sempre pesquisar cursos, programas sociais e estudantis, ficar atento a isso e estudar. Bastante.